Produtores de Gado Mantêm Cautela Enquanto Decisões dos EUA Podem Influenciar Exportações Brasileiras de Carne Bovina

Pecuária brasileira acompanha de perto possíveis mudanças na política comercial norte-americana, que podem afetar preços e estratégias de exportação.

O mercado do boi gordo encerrou a quinta-feira (23 de outubro) com leve alta, mas em clima de atenção. Produtores e frigoríficos seguem cautelosos diante das possíveis decisões do governo dos Estados Unidos, que podem impactar as exportações de carne bovina brasileira.

Em São Paulo, a arroba do boi gordo foi negociada a R$ 311,40, segundo dados da Datagro. As escalas de abate — número de dias que os frigoríficos já têm de animais programados para o abate — continuam entre 10 e 11 dias, mostrando que as indústrias seguem com bom nível de abastecimento no curto prazo.

🌎 Mercado internacional em alerta

A atenção do setor está voltada às movimentações políticas dos Estados Unidos. O governo de Donald Trump ampliou recentemente a cota de importação de carne bovina da Argentina, numa tentativa de conter os preços internos.

Apesar disso, entre os principais exportadores mundiais — Austrália, Argentina e Brasil — o Brasil mantém vantagem por sua capacidade de produção e preço competitivo, fatores que reforçam o protagonismo nacional no comércio global de carne bovina.

Nos bastidores, há expectativa por uma possível conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que pode incluir negociações sobre tarifas de importação da carne brasileira. Caso haja redução desses impostos, o produto nacional pode ganhar espaço e rentabilidade no mercado americano.

🏠 Cenário interno: consumo começa a reagir

No mercado doméstico, as exportações seguem firmes e já superam as projeções para outubro. A demanda interna também mostra sinais de melhora, puxada pela proximidade das festas de fim de ano, férias escolares e pelo 13º salário, que normalmente elevam o consumo de carne.

Alguns frigoríficos relatam redução nas escalas de abate, o que indica maior movimentação nas compras de gado, podendo sustentar os preços da arroba nas próximas semanas.

🔮 Perspectivas para o restante de 2025

Especialistas projetam que o setor bovino pode ter uma recuperação gradual até o final de 2025. As perspectivas são de um quarto trimestre positivo, com o mercado mais firme e possível melhora nos preços pagos ao produtor.

Ainda assim, o setor segue sensível às decisões políticas e comerciais externas, especialmente as vindas dos Estados Unidos, que continuam sendo um dos maiores influenciadores do mercado global de carnes.

📈 Resumo para o produtor

O momento exige atenção e planejamento. Mudanças nas políticas de importação e tarifas americanas podem alterar o ritmo das exportações brasileiras e influenciar as cotações da arroba.
Produtores e confinadores devem observar de perto os sinais do mercado e ajustar as estratégias de venda e confinamento conforme o comportamento dos frigoríficos e da demanda internacional.

📘 Entenda o assunto

🔹 Arroba:
Medida usada para pesar o boi. Cada arroba equivale a 15 quilos de carne bovina. É a principal referência de preço na pecuária.

🔹 Escala de abate:
Mostra quantos dias de abate já estão garantidos pelos frigoríficos. Quando a escala é curta, há maior procura por animais, o que tende a valorizar o boi gordo.

🔹 Cota de importação:
Limite de compra que um país estabelece para produtos estrangeiros. Se os EUA aumentam a cota da Argentina, por exemplo, reduzem o espaço para a carne brasileira.

🔹 Tarifa de importação:
Imposto cobrado sobre produtos importados. Caso os EUA reduzam a tarifa para o Brasil, nossa carne fica mais competitiva e pode vender mais.