Indústria Prevê Aumento no Preço do Café e Consumo Interno Sente os Primeiros Efeitos

A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) informou que o consumidor poderá sentir nas próximas semanas um reajuste no preço do café entre 10% e 15%. O motivo principal é o aumento do custo da matéria-prima, ou seja, o próprio grão produzido no campo.

Segundo o presidente da Abic, Pavel Cardoso, esse movimento de alta não deve ultrapassar a média de variação já observada ao longo do ano. O diretor-executivo da entidade, Celírio Inácio da Silva, destacou que os supermercados começaram a ser informados sobre os novos preços no início de setembro, mas como muitos só voltaram a repor estoques depois do dia 15, o repasse deve chegar às prateleiras a partir da próxima semana.

Consumo em queda

O reajuste já vem refletindo no mercado interno. Entre janeiro e agosto de 2025, as vendas de café no Brasil recuaram 5,41% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em números absolutos, a comercialização caiu de 10,11 milhões para 9,56 milhões de sacas.

Alguns segmentos foram ainda mais afetados. O café solúvel, por exemplo, acumulou aumento de mais de 50% e foi um dos que mais perdeu espaço no consumo. Apesar disso, a Abic acredita que o ano deve fechar próximo aos níveis de 2024, com sinais de recuperação a partir de setembro.

Oscilações no mercado do grão

Um levantamento do Cepea/Esalq mostrou que, entre 15 e 22 de setembro, houve queda nas cotações: o café arábica recuou 10,2% em São Paulo e o robusta caiu 11,1%. Essa redução está ligada à expectativa de chuvas nas áreas produtoras, à venda de contratos por investidores e à liquidação de posições na Bolsa de Nova York.

Cenário internacional

No mercado externo, a indústria monitora com atenção os Estados Unidos. Uma ordem executiva recente pode alterar tarifas de importação do café brasileiro. Como o país não é produtor relevante do grão, a expectativa é de que as tarifas sejam reduzidas ou até eliminadas. O tema pode ganhar força em um possível encontro entre os presidentes do Brasil e dos EUA, já que qualquer decisão sobre comércio pode influenciar diretamente o setor.

O que isso significa para o produtor rural

• Pressão sobre preços no campo: a instabilidade no mercado internacional e as oscilações de cotações podem refletir diretamente no valor pago ao produtor.

• Atenção ao consumo interno: com queda nas vendas, a indústria pode adotar estratégias para segurar repasses, impactando margens de negociação do café.

• Cenário de exportação: possíveis reduções de tarifas nos EUA podem abrir mais espaço para o café brasileiro, especialmente em um momento de retração no mercado interno.

• Planejamento de safra: a volatilidade reforça a importância de acompanhamento constante dos mercados físico e futuro, para reduzir riscos e aproveitar oportunidades de venda.