Gripe Aviária Exige Atenção Redobrada do Campo: Mais de 2 mil Casos Registrados nas Américas em Quatro Anos

A gripe aviária — doença causada por um vírus que afeta principalmente aves — tem avançado de forma significativa nas Américas. Segundo levantamento recente da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mais de 2 mil ocorrências foram registradas entre janeiro de 2024 e setembro de 2025, envolvendo aves e também mamíferos de produção e domésticos.

Distribuição dos casos e situação no Brasil

Mais de 93% dos episódios ocorreram na América do Norte, onde a avicultura industrial é fortemente concentrada. A América do Sul respondeu por cerca de 6,5% das notificações e a América Central ficou com menos de 0,5%.

No Brasil, foram 34 casos confirmados no período. A maioria (cerca de 70%) envolveu aves silvestres — que costumam migrar entre regiões e podem carregar o vírus sem apresentar sinais clínicos aparentes. Houve apenas um caso ligado à avicultura comercial, e os demais ocorreram em criações pequenas ou de subsistência.

Doença também atinge outros animais

Um dado que chama atenção dos especialistas é que mais de mil ocorrências envolveram mamíferos, principalmente bovinos leiteiros e, em menor número, gatos domésticos. Isso mostra que o vírus está ampliando a lista de espécies que pode infectar, exigindo maior vigilância não apenas em granjas, mas também em fazendas de gado.

Impactos diretos para quem produz

Para o setor produtivo, a influenza aviária de alta patogenicidade representa riscos reais:

• Na avicultura, pode levar a restrições comerciais, aumento de custos com controle sanitário e perdas de plantéis.

• Na pecuária leiteira e outras atividades com mamíferos, ainda há muitas dúvidas sobre o comportamento do vírus, o que exige monitoramento constante.

• Em criações familiares ou de fundo de quintal, a falta de estrutura de biossegurança pode facilitar a entrada e a disseminação do vírus.

Fatores que favorecem a propagação

Especialistas apontam que a rápida circulação do vírus está ligada a:

• Alta densidade de animais em sistemas intensivos de produção;

• Transporte frequente de aves e mamíferos entre regiões;

• Falhas ou ausência de protocolos de biossegurança adequados;

• Contato direto ou indireto entre animais domésticos e aves silvestres.

Medidas essenciais no campo

Para reduzir o risco de contaminação e proteger a produção, algumas ações são fundamentais:

• Reforçar a vigilância sanitária com atenção aos sinais clínicos e realização de testes quando necessário;

• Aperfeiçoar os cuidados de biossegurança, controlando acesso de pessoas, veículos e outros animais às instalações;

• Informar e capacitar produtores sobre riscos e medidas de prevenção;

• Estimular cooperação entre regiões e países, já que o vírus não respeita fronteiras.

Alerta para os próximos meses

Mesmo que o número de casos no Brasil ainda seja relativamente baixo, o histórico recente mostra que a prevenção precisa ser constante. A circulação do vírus nas Américas é ampla, e basta uma falha de controle para que surtos maiores ocorram.

A mensagem central é clara: investir em prevenção e biossegurança no campo hoje evita prejuízos maiores amanhã — tanto para grandes empresas quanto para produtores familiares.