Preços de Ovos Sobem no Brasil em Setembro, mas Exportações Enfrentam Obstáculos

O mês de setembro trouxe um cenário misto para a avicultura de postura no Brasil. De um lado, os preços pagos ao produtor e ao atacado mostram tendência de valorização; de outro, as exportações enfrentam dificuldades, principalmente pela retração nas compras dos Estados Unidos.

Evolução dos preços no mercado interno

De acordo com dados do Cepea/Esalq, os valores médios seguem firmes:

• Em Bastos (SP), referência nacional para a avicultura de postura, a caixa de 30 dúzias de ovos brancos foi negociada a R$ 148,40, mantendo estabilidade frente à semana anterior.

• O ovo vermelho, também em Bastos, registrou alta de 0,16%, alcançando R$ 164,17 por caixa.

Nas Centrais de Abastecimento (Ceasas), que refletem os preços no atacado, as variações foram ainda mais significativas:

• Em São Paulo (SP), o ovo branco grande subiu 1,61%, chegando a R$ 178,19 por caixa.

• O ovo vermelho extra apresentou aumento de 1,82%, alcançando R$ 202,00 por caixa.

Essas altas indicam que o consumo doméstico permanece aquecido, sustentando o preço do produto mesmo em um período de custos ainda elevados para a produção.

Exportações em queda

No mercado externo, o desempenho não tem sido positivo. Em agosto, as exportações caíram pelo segundo mês consecutivo. O principal motivo foi a redução nas compras dos Estados Unidos, que deixaram de ser o principal destino da proteína brasileira após a aplicação de tarifas pelo governo norte-americano.

Esse movimento mostra que, apesar da boa qualidade e da competitividade do ovo brasileiro, a dependência de poucos mercados compradores pode trazer riscos quando há mudanças políticas ou comerciais.

Impactos diretos para o produtor rural

1. Maior espaço no mercado interno: com exportações menores, parte da produção tende a ser direcionada ao consumo nacional, o que pode manter a oferta equilibrada e os preços firmes.

2. Custo de produção ainda é desafio: mesmo com preços em alta, o produtor precisa lidar com custos elevados de milho e farelo de soja (principais ingredientes da ração), além de energia e embalagens.

3. Necessidade de diversificação de mercados: buscar novos compradores internacionais é essencial para reduzir a dependência dos EUA. Países da Ásia, Oriente Médio e América Latina podem ser alternativas estratégicas.

4. Oportunidade de agregar valor: investimentos em certificações (como ovos caipiras, orgânicos ou livres de gaiola) podem abrir portas em mercados mais exigentes e aumentar a margem de lucro.

Perspectivas

• No curto prazo, a expectativa é de que o consumo interno siga firme, sustentando os preços em setembro e outubro, meses de demanda estável.

• No médio prazo, produtores devem ficar atentos ao avanço das exportações e às negociações internacionais, já que o Brasil tem potencial de ampliar sua presença global, desde que diversifique destinos.

• Para a pecuária em geral, o cenário é favorável, pois preços firmes ajudam a manter a sustentabilidade financeira do setor, que ainda enfrenta custos elevados de insumos.