Moagem de Cana no Centro-Sul Cresce em Agosto, com Produção de Açúcar e Etanol em Alta

As usinas de cana-de-açúcar do Centro-Sul do Brasil aumentaram a moagem em agosto, processando 50 milhões de toneladas de cana na segunda quinzena do mês. Esse volume representa um crescimento de 10,7% em comparação ao mesmo período da safra anterior, segundo dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Produção de açúcar

A produção de açúcar atingiu 3,87 milhões de toneladas, um avanço de 18,2% sobre agosto do ano passado. O chamado “mix de produção” — que indica a proporção de cana destinada ao açúcar em relação ao etanol — foi de 54,2%, ligeiramente menor que os 55% registrados na quinzena anterior.

O diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues, explicou que essa pequena redução no mix e a queda no ATR (Açúcares Totais Recuperáveis, que mede a quantidade de açúcar disponível na cana) refletem ajustes das usinas para equilibrar a produção entre açúcar e etanol. Em termos simples, quando o ATR é menor, cada tonelada de cana rende menos açúcar ou etanol, o que exige planejamento estratégico para atender à demanda do mercado.

Produção de etanol

A produção de etanol totalizou 2,42 bilhões de litros na segunda metade de agosto. O etanol hidratado, usado diretamente nos veículos, apresentou queda de 7,6%, totalizando 1,46 bilhão de litros. Já o etanol anidro, que é misturado à gasolina, cresceu 8,3%, atingindo 964,57 milhões de litros.

Além disso, a produção de etanol de milho manteve a tendência de expansão, alcançando 405,92 milhões de litros, um aumento de 17,5% em relação ao mesmo período da safra anterior. A participação do milho na produção total de etanol chegou a 16,8%, mostrando a importância crescente desse insumo para a indústria de biocombustíveis.

Operação das usinas

No período, 257 unidades estavam em funcionamento:

• 237 processando apenas cana,

• 10 produzindo etanol de milho,

• 10 operando de forma flexível, alternando entre cana e milho.

Apesar do aumento na moagem, a qualidade da cana foi inferior, com o ATR médio caindo de 155,82 kg por tonelada em 2024 para 149,79 kg neste ano, uma redução de 3,9%. Esse fator reforça a necessidade de ajustes estratégicos por parte das usinas para garantir equilíbrio entre açúcar e etanol e atender tanto ao mercado interno quanto às exportações.

Impactos práticos para o produtor rural

• Planejamento da colheita: produtores devem observar o ATR da cana, pois ele influencia diretamente a quantidade de açúcar e etanol que cada tonelada de cana pode gerar.

• Decisão sobre venda: o mix de produção das usinas (quanto destinam ao açúcar ou ao etanol) afeta preços pagos ao produtor.

• Diversificação de renda: o crescimento do etanol de milho mostra oportunidades para produtores que têm milho disponível ou podem integrar a produção à cadeia do biocombustível.

• Mercado e demanda: entender a estratégia das usinas ajuda o produtor a se posicionar melhor frente às oscilações de preço do açúcar e etanol no mercado interno e externo.

Em resumo, embora o volume de cana processada tenha aumentado, a menor qualidade da matéria-prima exige atenção do produtor e planejamento das usinas para manter o equilíbrio entre produção, preços e abastecimento.